“ A CRIATIVIDADE NÃO É PRIVILÉGIO DE GRANDES ARTISTAS”

Studio Modellare


terça-feira, 22 de junho de 2010

Cristóbal Balenciaga



Balenciaga é um grande homenageado do mundo da moda.
Ele criou formas e volumes imortais, representados através de vestidos e trajes que lembram flores como a tulipa e a rosa desabrochada com suas pétalas por inúmeros plissados. Este arquiteto do feminino, além de grande criador, foi um indivíduo intrigante, vejam por que em sua biografia que vem a seguir.


Cristobal Balenciaga nasceu em Guetaria, região basca da Espanha, em 21 de janeiro de 1895. De família pobre, era filho de um pescador e uma costureira.

 
Em Guetaria, morava a marquesa de Casa Torrés, que foi a grande incentivadora do jovem Balenciaga em sua carreira como estilista. Seus talentos revelaram-se bem cedo, sendo que aos 12 anos desenhou, pela primeira vez, um vestido para a marquesa. A partir daí, começou a freqüentar o ateliê de um alfaiate madrileno, com quem aprendeu alfaiataria.

Em 1915, abriu sua primeira casa de costura em San Sebastian, cidade próxima à sua. Seu sucesso não demorou a chegar e, em pouco tempo, se transferiu para Madri.


Em 1936, decidiu se mudar para Paris e, em agosto do ano seguinte apresentou sua primeira coleção. Nesta década de 30, Balenciaga já havia ganhado a fama de melhor costureiro da Espanha. Entre 1936 e 1937, mudou-se para Paris.

Dez anos antes do “New Look” de Dior, que viria revolucionar a moda da época, as criações de Balenciaga começaram a atrair as damas da sociedade e atrizes famosas para sua maison, que ficava no número 10 da avenida George 5º, em Paris.
A experiência adquirida em alfaiataria permitia que o espanhol não só desenhasse seus modelos, mas também os cortasse, armasse e costurasse, o que não é comum aos estilistas, que em geral apenas desenham suas criações.
A perfeição nas proporções conseguida por Balenciaga em seus modelos aproximava sua arte da arquitetura. Considerado o grande mestre da alta-costura, seu estilo elegante e severo, às vezes dramático, tornaram inconfundíveis suas criações. As cores que usava nesta época eram sóbrias, como tons de marrom escuro, porém ganhou, posteriormente, fama de colorista.

Em 1939, lançou o corte de manga com a aplicação de um recorte quadrado e uma linha de ombros caídos, com cintura estreita e quadris arredondados. No ano seguinte, apresentou o seu primeiro vestidinho preto, com busto ajustado e quadris marcados por drapeados, além de abrigos impermeáveis em tecidos sintéticos.
 

Em 1942, as jaquetas largas e as saias evasês compunham a chamada “linha tonneau”. O primeiro paletó-saco e os redingotes com mangas-quimono surgiram em 1946. 

Suas coleções de 1947 e 1948 tiveram inspiração espanhola, com elegantes vestidos e boleros de toureador para a noite.
 

Seu primeiro perfume, “Fruites des Heures” foi criado em 1948.
 

Em 1949, fez mantôs muito largos e, em 1950, vaporosos e retos, além do vestido-balão. Na década de 50, Balenciaga apresentou lã tingida de amarelo-vivo e cor-de-rosa.
 

Balenciaga viveu o auge de sua fama e criação durante os anos 50, começando em 1951, mudando a silhueta feminina ao eliminar a cintura e aumentar os ombros, num talhe muito acentuado.

Em 1955, criou o vestido-túnica e, em 1956, subiu as barras dos vestidos e casacos na frente, deixando-as mais compridas atrás, além do primeiro vestido-saco. 


Em 1957, apresentou o vestido-camisa. A linha “Império” foi criada em 1959 e veio com a cintura alta para os vestidos e os mantôs em forma de quimonos.
 

Durante os anos 60, Balenciaga criou casacos soltos, amplos, com mangas-morcego e, em 1965, apresentou os primeiros impermeáveis transparentes em material plástico. Sua última coleção foi lançada na primavera de 1968 – ano em que se aposentou e fechou sua maison – e mostrou jaquetas largas, saias mais curtas, vestidos-tubo e muitas cores.
 

Balenciaga era considerado purista e classicista. Seu estilo ainda é lembrado pelos grandes botões e pela grande gola afastada do pescoço.
 

Aposentou-se em 1968 e morreu, aos 77 anos, no dia 24 de março de 1972, em Javea, na costa espanhola do Mediterrâneo.
 

Desde 1997, o francês Nicolas Ghesquière cuida da criação da marca, que foi comprada pela poderosa Gucci em julho de 2001.

              “Não acrescente detalhes inúteis a um vestido. Não coloque uma flor simplesmente porque você tem vontade de fazê-lo, mas para indicar o centro da cintura, o ponto final de um desenho.”  (C.Balenciaga)

  A quantidade de estilistas que hoje estão se inspirando, reeditando ou simplesmente copiando os modelos de Cristóbal Balenciaga atesta: no mundo da moda, efêmero pela própria natureza, só os grandes atingem a atemporalidade.


Até recentemente, seu nome era reconhecido apenas pelos especialistas ou pelos saudosistas. Embora tenha dividido com Christian Dior o palco dos anos dourados da alta-costura, do pós-guerra ao começo da década de 60, ele aparecia muito menos. Foi o concorrente famoso, porém, que o chamou de "o mestre de todos nós".

Ghesquière rememorou o "caminho tão abstrato" que ele e outras estrelas do modernismo, como Helmut Lang, Jil Sander, Yohji Yamamoto e os demais japoneses, trilharam nos anos 90. "Agora vejo que era um conceito totalmente Balenciaga", acrescentou.

Tal como, para os argentinos, Carlos Gardel canta cada vez melhor, para os admiradores de Balenciaga o costureiro basco fica cada vez mais moderno.


Uma doce ironia, levando-se em conta que ele se inspirava em quadros de Velázquez e Zurbarán, tinha no ateliê prateleiras repletas de revistas de moda do século XIX, das quais era capaz de reproduzir modelos linha por linha, e finalmente foi engolido pelas gigantescas transformações sociais desencadeadas em meados dos anos 60.




Hoje praticamente qualquer babado gigante, caimento sinuoso ou bolero ibérico que se vê nas passarelas deve alguma coisa a Balenciaga. Conhecido por ser capaz de disfarçar corpos não tão em forma, ele costumava combinar um forro bem justo ao corpo, como uma segunda pele, com roupas mais soltas, de caimento perfeito. 


 
Excepcional conhecedor do coupe, o corte do tecido, Balenciaga foi ao mesmo tempo criativo e comportado, ousado e elegante, sofisticado e simples. E, claro, carésimo. "Dior vestia as ricas; Balenciaga, as milionárias", escreveu o historiador inglês Paul Johnson em seu último livro, Os Criadores. "Suas roupas eram, acima de tudo, confortáveis, um fato surpreendente, considerando-se sua grandeza, sua complexidade e a magnificência dos materiais usados."

Em 1967, quando a onda da contracultura varria o planeta, o estilista encerrou seu desfile com um magnífico vestido de noiva composto de uma única costura. Seis meses depois, mais uma coleção, e fim – o mestre, diante de um mundo que não era o seu, fechou o ateliê. Em menos de cinco anos, estava morto. "De todas as pessoas criativas que encontrei, Balenciaga foi a mais dedicada à criação de coisas belas", escreve Johnson.

Fonte: Revista Veja / Queila Ferraz Monteiro / Georgina O’hara  
                        

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